"Quem primeiro me ofereceu foi a Paula, uma grande amiga dos tempos de colégio. Eu fingi que não entendi. Ou não entendi mesmo, não lembro bem.
Dia após dia cada vez mais amigos se aproximavam de mim querendo que eu entrasse com eles nessa nova onda. Eu comecei a me ver tentado. Pelo menos a experimentar. Poxa, eu não sou um careta. Experimentei até Nova Schin.
Sucumbi. Comecei usando devagar, tateando, tentando descobrir qual era a da viagem. No começo, como toda onda, é aquela euforia: tudo muito lindo, muito divertido, um carnaval de sensações... mó astral...
Acabei fazendo vários amigos surfarem nesta mesma onda. Não que eu possa dizer que passei de usuário a fornecedor, afinal não ganhei um centavo com isso. Só o prazer de ver os amigos curtindo a mesma vibe que eu. Aos poucos fui percebendo que muitos amigos já eram viciados e eu nem sabia. Amigos que eu não via desde o colégio, que eu não sabia se tinham casado, se tinham se dado bem na vida, se estavam vivos... amigos artistas, surfistas, ex-professores, executivos, ricos, caretas, doidões, até mesmo amigos tão antiquados a ponto do maior contato com as “coisas modernas” ser a calça jeans. Amigos que eu nunca imaginei serem capazes de, como eu, ceder a esse vício maldito. Alguns amigos encaretavam pelo meio do caminho. Mas, Suderj informa, outros amigos os substituíam nesse ciclo vicioso.
Fora os “amigos” que fiz nessa viagem. Aspas inevitáveis pois muita gente que eu nunca tinha visto mais gordo se aproveitou das circunstâncias e do meu momento de fragilidade para virar amigo de infância. “Meu nome é Johnny, posso ser seu amigo?” A droga tem dessas coisas.
A viagem parecia sem volta. Ainda mais quando eu fui percebendo que gente próxima a mim também fazia parte desse quase grupo de risco. Minha mulher, minha mãe, alguns irmãos – até mesmo o irmão mais velho, hoje o mais careta, com sua fase de loucuras encerradas na fase hippie dos anos 60 e 70.
Mas...
Toda onda uma hora acaba. E é substituída por outra. Sempre tem uma dança do créu pra substituir a dança da garrafa.
Hoje eu vejo quantas horas de sono perdi. Muitas vezes era a primeira coisa que eu fazia ao chegar em casa, abrindo mão de horas em que podia estar lendo, vendo um filme, brincando com meu filho, namorando minha mulher, escrevendo posts sobre a Siri, enfim, fazendo qualquer coisa de mais útil, ao invés de ficar passeando pelo tênue limite que separa a loucura plena da overdose.
Bad trip. Minha onda já tinha virado espuma. Eu queria largar, mas não é fácil largar um vício. Que o digam os fumantes, os alcoólatras, os jogadores, os apostadores, os punheteiros. Não que aquilo me atrapalhasse, a dosagem já estava controlada, mas simplesmente não me acrescentava. E largar só dependia de mim. Sempre só depende da gente. Eu sei e já sabia.
Não busquei ajuda. Não falei com ninguém sobre meu drama. Lutei sozinho. O exército de um homem só.
E consegui.
Em um click, saí do orkut.
Tô limpo. Há três dias eu não add uma pessoa sequer. Só por hoje."
Voltando à saudosa Fortaleza, vimos o nascimento e desenvolvimento do ministério chamado Celebrando a Restauração. Com o ideal de tratar vícios e compulsões das mais diversas, desde alcoolismo e dependência química até viciados em sexo/masturbação ou comida, vimos vários milagres (mudança de vida, liberação de perdão, arrependimento, entre outros...) se manifestarem na vida de várias pessoas através dele.
Enfim, a quantidade de pessoas viciadas no mundo virtual e/ou em tecnologia me levou a postar esse texto. Visto que quase todo mundo hoje em dia usa internet ou computadores (bem ou mal, mas usa), temos observado um número razoável de pessoas que preferem enfrentar a pseudo-realidade do mundo virtual do que encarar seus próprios demônios na vida real.
Agradecimentos ao Bruno Mazzeo, que nos presenteou com esse brilhante texto.
Dia após dia cada vez mais amigos se aproximavam de mim querendo que eu entrasse com eles nessa nova onda. Eu comecei a me ver tentado. Pelo menos a experimentar. Poxa, eu não sou um careta. Experimentei até Nova Schin.
Sucumbi. Comecei usando devagar, tateando, tentando descobrir qual era a da viagem. No começo, como toda onda, é aquela euforia: tudo muito lindo, muito divertido, um carnaval de sensações... mó astral...
Acabei fazendo vários amigos surfarem nesta mesma onda. Não que eu possa dizer que passei de usuário a fornecedor, afinal não ganhei um centavo com isso. Só o prazer de ver os amigos curtindo a mesma vibe que eu. Aos poucos fui percebendo que muitos amigos já eram viciados e eu nem sabia. Amigos que eu não via desde o colégio, que eu não sabia se tinham casado, se tinham se dado bem na vida, se estavam vivos... amigos artistas, surfistas, ex-professores, executivos, ricos, caretas, doidões, até mesmo amigos tão antiquados a ponto do maior contato com as “coisas modernas” ser a calça jeans. Amigos que eu nunca imaginei serem capazes de, como eu, ceder a esse vício maldito. Alguns amigos encaretavam pelo meio do caminho. Mas, Suderj informa, outros amigos os substituíam nesse ciclo vicioso.
Fora os “amigos” que fiz nessa viagem. Aspas inevitáveis pois muita gente que eu nunca tinha visto mais gordo se aproveitou das circunstâncias e do meu momento de fragilidade para virar amigo de infância. “Meu nome é Johnny, posso ser seu amigo?” A droga tem dessas coisas.
A viagem parecia sem volta. Ainda mais quando eu fui percebendo que gente próxima a mim também fazia parte desse quase grupo de risco. Minha mulher, minha mãe, alguns irmãos – até mesmo o irmão mais velho, hoje o mais careta, com sua fase de loucuras encerradas na fase hippie dos anos 60 e 70.
Mas...
Toda onda uma hora acaba. E é substituída por outra. Sempre tem uma dança do créu pra substituir a dança da garrafa.
Hoje eu vejo quantas horas de sono perdi. Muitas vezes era a primeira coisa que eu fazia ao chegar em casa, abrindo mão de horas em que podia estar lendo, vendo um filme, brincando com meu filho, namorando minha mulher, escrevendo posts sobre a Siri, enfim, fazendo qualquer coisa de mais útil, ao invés de ficar passeando pelo tênue limite que separa a loucura plena da overdose.
Bad trip. Minha onda já tinha virado espuma. Eu queria largar, mas não é fácil largar um vício. Que o digam os fumantes, os alcoólatras, os jogadores, os apostadores, os punheteiros. Não que aquilo me atrapalhasse, a dosagem já estava controlada, mas simplesmente não me acrescentava. E largar só dependia de mim. Sempre só depende da gente. Eu sei e já sabia.
Não busquei ajuda. Não falei com ninguém sobre meu drama. Lutei sozinho. O exército de um homem só.
E consegui.
Em um click, saí do orkut.
Tô limpo. Há três dias eu não add uma pessoa sequer. Só por hoje."
Voltando à saudosa Fortaleza, vimos o nascimento e desenvolvimento do ministério chamado Celebrando a Restauração. Com o ideal de tratar vícios e compulsões das mais diversas, desde alcoolismo e dependência química até viciados em sexo/masturbação ou comida, vimos vários milagres (mudança de vida, liberação de perdão, arrependimento, entre outros...) se manifestarem na vida de várias pessoas através dele.
Enfim, a quantidade de pessoas viciadas no mundo virtual e/ou em tecnologia me levou a postar esse texto. Visto que quase todo mundo hoje em dia usa internet ou computadores (bem ou mal, mas usa), temos observado um número razoável de pessoas que preferem enfrentar a pseudo-realidade do mundo virtual do que encarar seus próprios demônios na vida real.
Agradecimentos ao Bruno Mazzeo, que nos presenteou com esse brilhante texto.
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