sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Qual é a vontade de Deus pra mim?

Obviamente a vontade de Deus é de Deus.

Sim! A vontade Dele é Dele; e de mais ninguém.

Jesus disse que comia a vontade do Pai, que se alimentava dela.

Ora, se eu tenho muitas vontades e se as exerço de modo pessoal e incompartilhavel, que não dizer da vontade de Deus?

"Quem conheceu a mente do Senhor?"

Além disso, o que me separa de Deus em todos os sentidos possíveis é infinitamente mais do que o que separa de um organismo mono-celular.

Assim, Deus se revela às amebas como as amebas podem processar.

Ora, o mesmo Deus faz com os homens!

O problema é o surto humano. Sim! O homem crê que é "capaz de Deus", e, sobretudo, de dizer aos outros humanos qual seja a vontade de Deus para o outro.

A vontade de Deus é uma só: que nos amemos uns aos outros!

Deus não tem planos profissionais para ninguém. Nem de qualquer outra natureza tópica. O plano de Deus, não importando onde eu esteja, é que eu ame e pratique o amor. O resto é insignificante!

É o que Paulo diz quando afirma: "...
ainda que eu..." fale línguas de homens e anjos, ou profetize, ou saiba todas as ciências e adquira todas as sabedorias, ou me entregue às praticas de martírio ou de entrega social de todas as minhas produções aos demais homens necessitados, mas, "se não tiver amor, nada me aproveitará"; e mais: nada será vontade de Deus.

Paulo nunca discutiu nada disso. Sabia fazer tendas. Mas era chamado para pregar. Por isso, tendo dinheiro para entregar-se apenas à pregação, assim fazia. Mas se não tinha, então, fazia tendas, e, pregava nas horas possíveis.

Ou seja:

Paulo tratava tudo com simplicidade, pois, a vontade de Deus era amor, e, amor, cabe em qualquer oficina de tendas.

As pessoas perguntam, referindo-se aos detalhes da vida, como se eu ou qualquer outro ser ameba humano pudéssemos responder: Qual é a vontade de Deus para a minha vida?

Ora, eu posso responder, mas a resposta que tenho a dar não satisfaz as pessoas que querem saber a vontade de Deus como um guia afetivo e profissional das jornadas na Terra.

Então, não sei!... Afinal, nessas coisas, à semelhança de Paulo, apenas uso o bom senso para decidir, e nunca o faço como quem consulta um "guia de jornada", mas apenas como uma decisão de agora, da circunstancia do existir; e isto, sempre, apenas conforme o espírito do Evangelho, que é amor.

A vontade de Deus são os Seus mandamentos, embora Jesus tenha nos dito que até os mandamentos, sem que sejam vividos em amor, são desagradáveis a Deus; pois, sem amor, todo mandamento não passa de presunção e arrogância.

A vontade de Deus é amor, alegria, paz, bondade, longanimidade, mansidão e domínio próprio!

Se você faz isso entregando o lixo, operando na mais rica clinica de neurocirurgia, ou se o faz pregando como um ensinador da Palavra, não importa; pois, a única coisa que importa para Deus é se você vive ou não o amor como o mandamento de seu ser.

O que Deus quer de mim? Onde quer que eu trabalhe? Com quer que eu case?

Ora, Jesus não respondeu tais perguntas a ninguém!

Quando Pedro quis saber... Jesus apenas disse: "Que te importa? Quanto a ti, vem e segue-me".

Quanto mais a pessoa se dispõe a andar em amor e fé, sem buscar mais nada, tanto mais ela encontrará uma sintonia fina com Deus e com a vida, e, assim, sem que ela sinta, irá sendo posta no leito do rio de sua própria vida.

É claro que Deus tem a vontade que diz "não". Mas essa é a não-vontade de Deus. É o que Deus não quer, pois, é o que Deus não é.

Deus não é mentira, nem engano, nem ódio, nem cobiça, nem traição, não injustiça, nem maldade, nem indiferença, nem descrença, nem altivez, nem orgulho, nem arrogância, nem vaidade, nem medo e nem frieza de ser.

Assim, a tais coisas Deus diz "não", mas não como quem diz a Sua vontade, mas apenas aquilo que não é vontade Dele.

Portanto, a vontade de Deus não é "não", mas "sim", embora a maioria apenas pense na vontade de Deus como negação.

Ou seja:

Para tais pessoas Deus é Aquele que diz "Não".

A proporção, todavia, continua idêntica à que foi estabelecida no Éden. Pode-se comer de tudo, e, apenas diz-se não a uma coisa: inventar a nossa vontade contra essa única coisa à qual Deus disse "não".

Todas as árvores do Jardim são comestíveis, mas, continuamos discutindo a única arvore proibida, tamanha é a nossa fixação na transgressão como obsessão na vida.

Entretanto, a vontade de Deus é sim, e, para aqueles que desejam fazer a vontade de Deus, e não apenas discuti-la, Deus revela Sua vontade como fé e amor, e, nos diz que se assim vivermos provaremos tudo o que é bom, perfeito e agradável, não porque a vida deixe de doer, mas apenas porque o pagamento do amor transcende a toda dor.

A vontade de Deus é que eu desista das coisas de menino nesta vida e abrace as coisas de um homem segundo Deus.

Agora, se você vai trocar de casa, de carro, de mulher, de emprego, de cidade, de país, de nome — sinceramente, é melhor consultar um bruxo, uma feiticeira ou um profeta que aceite pagamento para contar tal historinha.

Você pergunta a Jesus:

Senhor, qual é a Tua vontade para mim?

Ele responde:

É a mesma para todos os homens. Sim! Que você ame e pratique o amor, pois, sem amor, nada será vontade de Deus para você, ainda que você distribua todos os seus bens aos pobres e entregue o seu corpo para ser queimado em martírio de dignidade pela consciência e pela liberdade.

Dá pra entender ou é difícil demais?

Que tal a gente parar de brincar de vontade de Deus? Vamos?

Chega; não é gente?


Nele, que é a vontade de Deus para o homem,


Caio

A Moral


Vi essa em algum lugar, mas não lembro onde.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

As CNTP da Religião

Guardei muito pouco das aulas de ciência no ginásio. Suei em decorar fórmulas, multipliquei números gigantescos para quase nada. Pouco ficou, mas recordo-me, para determinadas fórmulas químicas e exercícios teóricos de física precisávamos da sigla CNTP ou “Condições Normais de Temperatura e Pressão”; significando que aquela proposição científica só funcionava nas CNTP; ou em outras palavras, em condições ideais.

Portanto, descobri cedo que condições ótimas só existem, de verdade, em tese. CNTP funcionam no laboratório, em ambientes controlados ou idealizados pelo cientista; e só para comprovar uma hipótese já que qualquer alteração, por menor que seja, altera o resultado da experiência.

Viver é arriscado. Imprevistos e perigos, dor e angústia, sofrimento e injustiça, rondam a existência. Seria fantástico viver em um mundo em “condições normais de temperatura e pressão”. Por isso, garimpamos as varinhas de condão, as lâmpadas dos gênios, os ideais políticos, os abracadras, as preces. Sonhamos em criar um mundo que funcione com a precisão dos relógios suíços.

Desejamos viajar sempre em céu de brigadeiro. Também seduzidos por um mar de almirante, tentamos recriar o universo. Acreditamos que existe a possibilidade de eliminar os riscos. Oramos pedindo a proteção divina para sermos blindados contra as ameaças da vida. Imaginamos que se pedirmos, e não tivermos nenhum pecado, jamais seremos surpreendidos por acidentes. Esperamos que Deus nos poupe de pneus furados, de motoristas incautos ou de buracos no asfalto.

Tolamente aguardamos o dia em que o mundo estará sob controle absoluto. Só que esse dia nunca chegou e acabamos vergados de culpa. “O que fiz de errado para que meu filho morresse?”, perguntou-me um pastor, recentemente. “Por que as coisas nunca dão certo para mim?”, é o e-mail mais repetido em minha caixa de mensagens.

Cristo não dourou a pílula e jamais iludiu os seus discípulos porque sua mensagem não era religiosa. Ele nunca prometeu que traria a vida das pessoas debaixo de CNTP. Pelo contrário, disse que os enviava como ovelhas para o meio de lobos, que as tempestades açoitam a casa dos que ouvem e guardam a sua palavra, e que o mundo dos seus seguidores seria cheio de aflições. Ora, ele viveu sem parapeitos, sem redomas, sem proteção angelical. Por que seus servos reivindicariam qualquer blindagem celestial?

Ouso redefinir fé. Fé não significa esperar ser possível antecipar-se às contingências da vida. Fé é coragem de acreditar que os valores, princípios e verdades propostos por Jesus de Nazaré são suficientes para enfrentar a vida com tudo o que ela trouxer, de bom e de ruim.

Religião tem a ver com segurança, com a possibilidade de encaixar o mundo na lógica da causa e do efeito. Os cultos, as penitências, as orações, visam tão somente engrenar as circunstâncias e dar aos fiéis a sensação de viverem nas CNTP. Ledo engano! Logo a bolha estoura. Com as doenças, os acidentes, os imprevistos, a própria morte, chega a decepção. E o pior desapontamento é religioso. Os decepcionados com Deus experimentam o inferno. (Jesus advertiu que prosélitos religiosos são condenados a um duplo inferno).

O amor não antecipa a ordem. Quem ama sabe que a desordem será possível. Deus não deseja que seus filhos vivam com a ilusão de que serão escudados. Pois para que isso acontecesse, ele precisaria encabrestar a história, o dia a dia e até o porvir. Um mundo indolor teria que ser um mundo sem liberdade. E sem liberdade não existe amor - acontece que Deus é amor.

Portanto, a promessa divina não nos resguarda do mundo. Sem alucinações, Deus nos acompanha na deliciosa e perigosa aventura de viver.

Soli Deo Gloria.

Ricardo Gondim

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Carta

---- Original Message -----

From: SEXO, BEBIDA, CIGARRO E IGREJA!

To: contato@caiofabio.com

Sent: Sunday, October 05, 2008 10:59 PM

Subject: QUAL IGREJA?

Caro Pastor!

Sou evangélico há seis meses. Vivo num certo desconforto espiritual, pois tive que deixar coisas que eu gostava de fazer para não "magoar CRISTO" e não ir para o inferno.

Posso servir a CRISTO e beber, fumar, dançar, ouvir músicas seculares, ler livros seculares, praticar sexo sem casar?

Para ser salvo tenho que freqüentar uma igreja? Qual?

Por favor, me oriente!

Seu irmão em CRISTO!!!

___________________________

Resposta:

Meu irmão querido: Graça e Paz!

Se seu interesse é em Deus, em Jesus e na Vida Eterna, então, é vida que você quer.

Ora, se é vida que você deseja ter, então, é de vida que você tem que se ocupar.

Assim, não falamos de normas de homens, mas apenas do que Deus chama vida para o homem.

Desse modo, Paulo diz: “Todas as coisas me são licitas, mas nem todas edificam ou me convém. Todas as coisas me são licitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhum delas.

Paulo também disse que não se deve usar a liberdade que temos em Cristo a fim de se dê lugar a nada que seja contra aquilo que Deus, em Jesus, chama Vida.

Você pode o que você quiser, devendo apenas se perguntar: Que bem isso me faz?

Ou ainda:

Isso que eu gosto tanto pode fazer mal a alguém que não tem o mesmo entendimento que eu?

Ou também:

Esse sexo sem amor e sem significado que eu gostaria tanto de fazer por fazer, porque eu gosto, de fato realiza o quê de bom em mim e na pessoa da qual me sirvo?

Ora, aqui no meu site você pode ir ao serviço de Busca e escrever as palavras “sexo”, “bebida”, “cerveja”, “Skol”, “vinho”, “fuma”, etc. — e você encontrará respostas especificas para as suas questões tópicas.

Eu, todavia, aqui, agora, já, quero apenas dizer a você o seguinte:

Você não “magoa a Cristo” quando faz qualquer das coisas acima. Sim! Jesus não faz beicinho! Ele já nasceu Deus. Crescido. E mais: Ele não é tolinho e nem escandalizável. Ele aquenta tudo. Ele é amor. O amor é invencível.

Você faz mal a você mesmo, ao seu futuro, e, sobretudo, ao seu dia de hoje, no qual são forjadas e reforçadas as suas fibras de ser.

Entretanto, você só se fará mal se fizer mal a si mesmo no fazer e usar tais coisas.

Fumar você pode; e pode fumando ir para o céu. Mas e daí? A porcaria do cigarro faz mal aqui, já, no dia de hoje, e, com certeza, fará mais mal ainda amanhã. Portanto, o que há de bom em voltar para ele se você pode estar já livre dele para sempre?

Entretanto, você pode fumar e ir pro céu fumado.

O problema não é o céu, é a terra, é o pulmão, o coração, a circulação, a vitalidade física e sexual. Sem falar no tempo gasto, no dinheiro e também no condicionamento psicológico e físico que o cigarro produz.

Beber? Ora, beba. Mas não se embriague. Beba, mas não dirija. Beba, mas esteja sempre sóbrio e lúcido. Beba, mas não seja bebido pela bebida...

Ora, o maior sinal de que a bebida bebe a pessoa é quando a pessoa passa a ter que beber todos os dias, ainda que não se embriague.

Quando o individuo se jacta de não se embriagar embora beba todos os dias, é porque a bebida já o bebeu e ele não sentiu ainda.

Mas logo sentirá pelas mudanças súbitas de humor, ao ponto de que ficará cada vez mais bem-humorado quando beber, e, por isto, beberá mais.

Música secular? O que é isso? Deve ser coisa de crente!

Ora, ouça boas músicas. Apenas isto. E tome cuidado com uma tal de “música Gospel” que tem por aí, pois, em geral, faz muito mal aos crentes, embora eles não saibam disso de saída.

Sexo? Deus diz que sexo é bom. Foi Ele que fez.

Portanto, o que há de errado com o sexo, exceto com o que o homem fez dele?

Sexo é coisa tão boa que não deve ser feita de modo tão ruim e sem significado.

Sexo sem significado, promovido apenas pela avidez que tem sua fonte na insegurança dos seres aflitos por afirmação pela via genital, faz muito mal à alma.

Sim! Sexo deve ser o resultado de um encontro que gerou um significado profético no amor: ambos, homem e mulher, olham para frente e imaginam o quão melhor a vida seria se ambos fizessem de suas existências individuais uma vida só para os dois.

Ora, quando a consciência é essa, e ambos são responsáveis o suficiente para tomarem tal decisão, então, o sexo é apenas a continuidade simples e natural.

Assim, acaba a questão de transar antes ou depois de casar, pois, em tal caso, tendo a consciência que acima descrevi, somente quem é casado transa, posto que a transa é o rito mais essencial de todo verdadeiro casamento.

Quando se tem consciência do significado do sexo ele se torna o rito supremo do casamento dos que já estão casados pelo amor consciente e responsável.

O mais... — não é casamento.

No cartório a gente faz contrato. Na “Igreja” [templo] a gente mostra os que estão “se casando”. Mas tanto no cartório quanto na “igreja” ninguém faz casamento.

Aliás, ninguém tem o poder de casar a ninguém diante de Deus.

Diante de Deus somente entram o homem e a mulher; e isto não é no dia da cerimônia, mas no dia em que assumem que se amam.

Agora, saiba:

Só vale fazer qualquer coisa ou deixar de fazer, se for por amor e em fé.

Sem fé a gente se condena em tudo o que faz. E sem amor nada aproveita.

Portanto, você e eu temos que fazer tudo com fé e amor grato.

Transar, comer, beber, namorar, casar, trabalhar, ser amigo, ser pai, mãe, filho, irmão, ou qualquer outra relação, têm que ser feitos e realizados com fé e amor; pois, sem ambos, nada é puro e aproveitável.

Afinal, Jesus disse que aquele que é Seu discípulo faz tudo com amor. Esta é a obediência aos Seus mandamentos: amar sempre.

Assim, você tem apenas que perguntar se você ama a pessoa que você pensa em usar por uma noite apenas. É amor?

Ou então se é amor namorar alguém e usar outras pessoas sexualmente? Ou se é amor beber até cair ou falar um monte de bobagens? Ou se é amor fazer qualquer coisa que possa deixar a você mesmo mal e outros infelizes?

Portanto, leia os textos que sugeri a você no inicio da carta, e, mais que isto, busque entender a razão de seu chamado em Cristo [a leitura de meu site vai ajudar você nisso em muito], pois, você não foi chamado para não fazer, mas sim para ser.

Por isto, leia tudo o que você encontrar na Busca do site sobre “discípulo”, “discipulado”, etc.

Quanto a se dever freqüentar uma igreja, digo a você que não necessariamente.

Você deve ser parte da Igreja, e você já porque crê em Jesus.

Assim, você deve congregar-se em algum lugar no qual você seja de fato edificado na fé e no entendimento do Evangelho.

Mas... freqüentar de modo mágico, como se não indo a desgraça fosse chegar, não, mil vezes não!

Tudo em Jesus tem a ver com vida. Se a freqüência a algum grupo lhe traz graça e vida em Jesus, ajudando você a crescer em fé, amor e entendimento espiritual, então, freqüente aí. Caso contrário busque um lugar que seja assim.

Leia a Bíblia, o Novo Testamento!

Procure na Busca do site pelas palavras “Escritura”, “ler”, “Palavra”, etc.

Vá ao meu site — www.caiofabio.com — e visite o canal “Caminhando”, e lá veja se há um grupo do “Caminho da Graça” perto de você.

Receba meu carinho!

Nele, que deseja levar você às coisas excelentes, e não às medíocres,


Caio



sábado, 25 de outubro de 2008

Porque eu Odeio Religião

Honestamente, não estou me recordando onde eu vi a referência à esse vídeo, mas whatever...

Pra mim ele faz parte desse movimento de subeversão e inconformismo que, a meu ver, levará os sinceros e honestos a abandonar parte dos templos atuais e adorarem ao Senhor na simplicidade e na comunhão uns com os outros.

Segue abaixo.


quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Cristianismo sem Jesus

Desde a adolescência, organizei minha vida com valores religiosos. Freqüentei e lecionei em escolas dominicais. Militei em grupos de jovens cristãos. Estudei em um instituto bíblico. Conheci bem os bastidores do mundo religioso, tanto no Brasil como nos Estados Unidos.

Sincero e zeloso, sempre procurei cumprir as exigências de todas as instituições que participei. Se a igreja não permitia as mulheres cortarem o cabelo, briguei com a minha por aparar as franjas; se era pecado ir ao cinema, eu, que não aceitava essa proibição absurda, para evitar mau testemunho, viajava para longe se queria ver algum filme.

Relevei disparates, incoerências e hipocrisias eclesiásticas, porque considerava a causa de Cristo mais importante que as pessoas. Para não “escandalizar”, fazia vista grossa para comportamentos incompatíveis com a mensagem cristã.

Abraçado às instituições, acabei conivente de mercenários, alguns intencionalmente cobiçosos. Justifiquei tolices argumentando que as pessoas eram minimamente sinceras. Nem sei como me iludi a ponto de dizer: “fulano faz bobagem, muita bobagem, mas é sincero”.

Cheguei a um tempo de vida, que algumas reivindicações da religião perderam o apelo. Com tantas decepções, deixei de acreditar na pretensa santidade dos religiosos. Considero piegas as pregações de que Deus exige uma santidade perfeita. Lembro imediatamente dos malabarismos que testemunhei que tentavam falsear tantas inadequações, dos jogos de esconde-esconde para não expor demagogias.

Jesus não conviveu com gente muito certinha. Ao contrário, ele os evitava e criticava. Chamou os austeros sacerdotes de sepulcros caiados, de cegos que guiam outros cegos, de hipócritas e, o mais grave, de condenarem os prosélitos a um duplo inferno. Cristo gostava da companhia dos pecadores, que lhe pareciam mais humanos.

Jesus alistou pessoas bem difíceis para serem apóstolos; Pedro era tempestivo; Tomé, hesitante; João, vingativo; Filipe, lento em compreender; Judas, ladrão. Acostumado com os freqüentadores de sinagoga e com os doutores da Lei, por que ele não buscou seguidores nesses círculos? Talvez, não entendesse santidade e perfeição como muitos.

Jesus aceitou que uma mulher de reputação duvidosa lhe derramasse perfume; elogiou a fé de um centurião romano, adorador de ídolos; não permitiu que apedrejassem uma adúltera para perdoá-la; mostrou-se surpreso com a determinação de uma Cananéia; prometeu o paraíso para um ladrão nos estertores da morte. Sabedor das exigências da lei, por que Jesus não mediu esforços ou palavras para enaltecer gente assim? Talvez, não entendesse santidade e perfeição como muitos.

Para Jesus, santidade não significava uma simples obediência de normas. Para ele, os atos não valem o mesmo que as intenções. Adultério não se restringe a sexo, mas tem a ver com valores que podem ou não gerar uma traição.

O ódio que explode com ânsias de matar é mais grave do que o próprio homicídio. Para ele, portanto, pecado e santidade fazem parte das dimensões mais profundas do ser humano. Lá, naquele nascedouro, de onde brotam os primeiros filetes do que se transformará em um rio, forma-se o caráter. E santidade depende da estrutura do ser, com índole que gera as decisões.

Para Jesus, santidade se confunde com integridade; que deve ser compreendida como inteireza. As sombras, as faltas, as inadequações, os defeitos, bem como as luzes, as bondades, as grandezas, as virtudes, de cada um precisam ser encaradas sem medos, sem panacéias, sem eufemismos.

Deus não requer vidas perfeitinhas, pois ele sabe que a estrutura humana é pó; não exige correção absoluta, pois para isso, teria que nos converter em anjos.

As prostitutas, que souberem lidar com faltas e defeitos com inteireza, precederão os sacerdotes bem compostos, mas que vivem de varrer as faltas para debaixo dos tapetes eclesiásticos. O samaritano, que traduziu humanidade em um gesto de solidariedade, é herói de uma parábola que descreve como herdar o céu. O tempestivo Pedro, que transpirava sinceridade, recebeu as chaves do Reino de Deus. A mulher, que fora possessa de sete demônios, anuncia a alvissareira notícia da ressurreição.

Os mandamentos e a lei só serviram para mostrar que para produzir humanidade não servem os legalismos. Integridade e santidade nascem do exercício constante de confrontar suas luzes e sombras trazendo-as diante de Deus e mesmo assim saber-se amado por Ele.

Soli Deo Gloria.

Ricardo Gondim, no texto pecadores sem maldição.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Uma bula do homem para Deus

Esse texto eu já tinha lido antes, e agora o re-li no Pavablog. Longo, mas muito bom... fala sobre as relações entre nós, a teologia e Deus. Vale a pena !

PS: Isso me lembra a vez que eu e Lili quase largamos tudo pra irmos estudar na Faculdade Latino Americana de Teologia... sei que seria um boa experiência, mas não me arrependo de não ter ido !

Parece que a coisa mais difícil que existe para alguns cristãos em relação a Deus, tem a ver com o tal encontro paradoxal, e, mesmo, completamente irreconciliável, entre a Soberania de Deus e a Liberdade do Homem.

Se o homem é livre, Deus não sabe tudo. Se Deus sabe tudo, então, o homem não é livre — diz-se com a crença de que se conhece ambas as dimensões, a do finito e temporal, em contraposição ao que seja Eterno e atemporal.

Fico sempre perplexo com a disposição humana de buscar entender Deus em relação ao homem, sempre fugindo do fato que somente importa entender o homem na sua relação com Deus; e isso se tivermos Revelação, do contrário, nem isso entenderemos.

A mera existência da chamada ciência teológica é em si uma falácia, sendo que o termo “teológico” deveria ser considerado algo vinculado ao charlatanismo.

Por quê?

Porque se é de Deus que falamos, então, pela lógica, de Deus deveríamos parar de falar, sem falar que pela própria lógica se chega a tal constatação ante a natureza da revelação de Deus nas Escrituras e na Natureza criada.

Pela Escritura se chega à conclusão simples que não se pode esquadrinhar o entendimento de Deus, o que acaba com a idéia pagã da teologia que se diz o estudo de Deus.

Jesus simplesmente disse que tudo está nas mãos do Pai, ao mesmo tempo em que mandou que os homens cuidassem de tudo como se tudo dependesse de cada pessoa na Terra.

Entretanto, o COMO da Soberania de Deus ou ainda o COMO de Deus ser livre [modo, mecânica], não compete ao homem elaborar, sendo seu exercício apenas divagações tolas e insensatas pela sua própria natureza.

Ora, eu mesmo não compreendo meu próprio modo de agir, como então me arrogarei a entender o Modo de Deus ser?

Proponho aos teólogos que quando todos estiverem curados e resolvidos em tudo, que, então, dêem-se ao luxo de gastar tempo discutindo COMO Deus é.

Antes disso é bizarro!

Depois disso, todavia, não se discutiria tal assunto, pois, uma parte da cura do homem está em resolver sua síndrome de onipotência, mediante a qual se arroga a entender Deus, ou, em outras palavras, arroga-se a criar uma lógica acerca de Deus, uma teologia. Porém, uma vez que ele se enxergue, verá o suficiente para ver que nada vê.

Fico vendo aquela pulguinha dizendo grandes coisas acerca de COMO Deus é. Lá está o homem, vomitando ignorâncias e pensando que são pensamentos de Deus. Não! São pensamentos acerca de um Deus que cabe no pensar, sendo, por isto, apenas obra de artesanato de rasas idéias como matéria prima para a fabricação fictícia e pobre.

A Natureza, no entanto, nos obriga a viver com o que não se entende. Todavia, aparentemente, tais teólogos não ousam falar do Universo, da criação, embora creiam que seja mais fácil dizer COMO Deus é.

Ora, ouvi-los-ei bem melhor quando falarem tão bem quanto seja possível em profundidade falar com entendimento sobre a natureza humana, a partir de si mesmos, e, além disso, quando manifestarem compreensão acerca do que na própria criação manifesta paradoxos irreconciliáveis para a mente do próprio homem.

Sim. Somente depois de lidar com o Paradoxo Irreconciliável na Natureza é que o teólogo pode, gentilmente, falar de sua ignorância acerca de COMO Deus seja.

Mas a criatura é para o teólogo maior do que o Criador. Por isto, ele, o teólogo, arroga-se a falar de Deus, e diz que não fala do Universo e de suas entranhas já conhecidas, pois, nada entende de física ou de Astronomia, ou de genética, ou de biologia, ou de qualquer outro campo do saber. Porém, de Deus ele diz saber tudo, pois, já está dogmatizado ou sistematizado; ou, quem sabe, está em processo de desnudamento pelo saber do próprio homem que diz saber de Deus, apesar de nada saber acerca do que lhe seria mais próprio: conhecer a si mesmo e a criação.

Entretanto, assim mesmo, ele, o homem, fala de Deus, pois, supostamente, crê que Deus seja mais fácil de ser falado do que a Natureza [a criação]; sem perceber que ou ele, o homem, aprende a falar em Deus apenas porque crê Nele, ou que então deve ficar calado até que possa falar compreendendo de si mesmo e a criação, sob pena de se tornar idolatra no pensar, visto que cultua a Natureza com mais reverencia no altar do pensamento do que cultua a Deus em fé, posto que ante a natureza ele se cale, mas perante Deus ele ouse dizer COMO Deus é.

“Eu cri, por isto é que falei”, é como se pode falar que nada se sabe sobre Deus, exceto acerca do que Ele diz de Si mesmo.

A Teologia não se interessa de fato em Quem Deus diz ser, mas sim em COMO o homem precisa que Deus seja a fim de que lhe faça sentido.

Ora, primeiro o teólogo tem que saber lidar com todos os Paradoxos do Universo criado e visível. Se ele puder explicar alguns desses irreconciliáveis paradoxos visíveis e mensuráveis [ainda que com medidas quase infinitas no Macro e no Micro], então, ele, o teólogo, poderá começar a falar nos Paradoxos de Deus, mas apenas para dizer:

Se não compreendo todos os irreconciliáveis paradoxos universais, e que são criações de Deus, como poderei eu entender Deus, se, também, até hoje, não entendo a mim mesmo?

Na Natureza existo sob o signo do Absurdo para mim mesmo, pois, não consigo entender nem mesmo os paradoxos do Cosmo.

Não consigo entender as dimensões do Universo, seu AMBIENTE, seu lugar. Nada sei de seus buracos negros, buracos brancos, novas e super-novas, de suas múltiplas formas de energia, de sua energia branca, de suas fusões galácticas, de sua massa negra em expansão descontrolada... Mas, assim mesmo, aceito viver em tal total ignorância, pois, mesmo não entendendo o Universo, sei que existo. Assim, declaro que o sentido das coisas vai no máximo de mim a mim; e nada além disso.

Ora, é possível que existam também universos paralelos, pois, se de um lado o Macro-Cosmo é impensável em seus tamanhos e em sua natureza estudável e visualmente fixa de ser, de outro lado, no Micro-Cosmo, no nosso até agora conhecido ambiente da matéria, no mundo sub-atômico, encontra-se o paradoxo até agora irreconciliável entre os dois mundos, Macro e Micro, posto que se o primeiro é fixo, o segundo é completamente imprevisível, sendo feito de algo que pressupõe a possibilidade de mudanças totais em razão da natureza não-fixável das partículas quânticas, e, por tal razão, também aberto a existência de universos paralelos.

Eis o Paradoxo.

Sim! Como o que existe e que não posso negar, existe sob as bases de algo não fixo e não fixável, aberto a todas as possibilidades, e, além disso, operando aparentemente sob um principio oposto ao que rege o Macro?

Macro e Micro existem em um paradoxo irreconciliável!

Einstein fugiu do paradoxo. Não podia aceitar o fato que ele mesmo ajudara a entender, apenas porque não compreendia a síntese de tal paradoxo entre o Macro e o Micro, e acabou angustiado ante suas próprias descobertas, em razão de não ter se rendido ao fato que o próprio Universo é feito de elementos que transcendem o homem.

E o que mais não sei além de tudo?

Assim, paremos a converseira acerca de COMO Deus é, e, desse modo, cuidemos de a Ele conhecermos pela fé na Revelação Dele em Jesus, e isso sem pretensões teológicas, mas apenas relacionais.

Do contrario, se alguém falar de Deus sob os auspícios da bandeira Teo-lógica, então, que desse tal se peça que antes fale e explique a natureza paradoxal do Universo, a fim de então, humildemente, apenas dizer que nada sabe acerca da liberdade do homem e da Soberania de Deus, visto que ele, o homem, sabe que em si mesmo ainda é escravo de muita coisa [por isso nada sabendo de liberdade], e que, em relação a Deus, pela própria Revelação, sabe que Dele nada se sabe pela via do saber humano, posto que Deus tenha determinado que pela sua própria sabedoria o homem não conhecerá o Criador.

O que passa disso é charlatanismo intelectual!

Caio Fábio

domingo, 12 de outubro de 2008

Comendo Pizzas com Prostitutas e Travestis

Segue abaixo texto que li no Tomei a Pílula Vermelha:

"Projeto CAfé da MAdrugada mostra o amor de Jesus sem preconceitos. O momento foi todo especial, regado de boas conversas, muitas gargalhadas, deliciosas pizzas, amor cristão, oração e textos bíblicos “Estando Jesus em casa, foram comer com ele e seus discípulos muitos publicanos e pecadores”. (Mateus 9:10)

Foi na última quinta-feira (18/09) que o Projeto CAMA (Café da Madrugada) realizou a noite da pizza. Este projeto existe há quase um ano e meio e visa exclusivamente o resgate físico, emocional, social e espiritual dos profissionais do sexo (travestis e garotas de programa), através do compartilhar da Palavra de Deus e do amor de Jesus demonstrado – sem preconceitos - por seus missionários urbanos.

Depois de um tempo de oração na Igreja Evangélica Irmãos Menonitas do Jabaquara, os integrantes do CAMA saíram às ruas, por volta das 20h30, para encontrar com as pessoas que já haviam sido convidadas de antemão para o evento. O grupo tinha um total de 15 participantes, incluindo membros do projeto, profissionais do sexo e outras pessoas de comunidades distintas que têm apoiado o trabalho. Após chegarem em uma boa pizzaria da região, o momento foi todo especial, regado de boas conversas, muitas gargalhadas, deliciosas pizzas, amor cristão, oração, textos bíblicos e muitas fotos.Na ocasião, o pastor Neto (Igreja Cristã da Redenção) foi quem trouxe uma meditação intitulada O sonho de liberdade e, ainda, entregou algumas lembranças artesanais, feitas por ele mesmo, as quais serviram de ilustração para a mensagem trazida.

Outros membros de sua comunidade estiveram presentes e puderam compartilhar dos momentos agradáveis daquela noite.O evento foi encerrado com uma oração de agradecimento pela vida de todos os presentes e um pedido especial, de proteção, para essas pessoas que levam vidas tão difíceis e, como se não bastasse, sofrem o preconceito da sociedade, que se esquece de que Jesus também morreu por elas.

Pr. Renato de Oliveira (Igreja Ev. irmãos Menonitas do Jabaquara)
Fonte: Manonitas.net /Gospel + [via Sou da missionária]

P.S.: Me espanto com a simplicidade deste projeto... pela sua similaridade com o que Jesus fazia! Isso é ser testemunha de Cristo. Um ótimo exemplo de atitude demonstrada por um pequeno grupo de discípulos de Cristo dispostos a ser luz do mundo e sal da terra. Agora me fala qual dá mais resultado: mostrar comunhão, amor e aceitação convidando os excluídos para se juntarem à mesa? Ou fazer um MEGA EVENTO GOSPEL e sair distribuindo panfletinhos convidando os outros para irem assistir a um show de inutilidade pública dentro de um templo? Parabéns Pr. Renato de Oliveira... Deus seja com vocês!"

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Isso é ser Igreja relevante. O resto todo mundo faz, e algumas fazem tão bem que nem dá vontade de tentar copiar, de tão bem executado que é. É fácil fazer aeróbica gospel, o difícil é ser coerente com o evangelho diante das pessoas. Por essas e outras tenho pra mim que o melhor lugar para os incoerentes (com o evangelho) se escoderem é dentro das "igrejas". Há tanto movimento, tanta aeróbica e tanto "trabalho" que não sobra muito tempo para confissão de pecados, arrependimento e tratamento das mazelas entranhadas na alma.

Já "malhei" o suficiente. Agora entendo que é hora de deixar de olhar pros "equipamentos" da academia(gospel) e passar a conviver com as pessoas que estão lá "malhando", muitas vezes sem perceberem ao certo o que estão fazendo.

E no final das contas não é só isso que é ser Igreja ?

Reflexões sobre a música "gospel" Brasileira


Há tempos que digo o mesmo que o Caio tem dito há anos sobre a música cristã brasileira: que é um mercado, que me dá nojo, que depois da laia de pastores enganadores a segunda pior coisa são os ministros de louvor falsos, que eu nunca iria em um congresso de músicos cristãos, que eu nunca chamaria alguém do grupo de louvor de levita, etc etc etc...

Continuação desse vídeo:

Parte 2

Parte 3






O caminho que percorremos...

...nós estamos falando de caminho, e no caminho "um ao outro ajudou e ao seu próximo disse: Sê forte!"

No caminho um levanta o outro.
No caminho a gente não quer saber quem é o indivíduo caído, a gente só quer saber que ele está caído.
No caminho o samaritano é o herói da história do amor fraternal. E ele não faz perguntas.
No caminho não existe discussão religiosa, no caminho ninguém diz: "Você aceita Jesus antes de eu lhe fazer este bem?".
No caminho ninguém diz: "Os assaltantes o assaltaram porque você não estava com o anjo do Senhor acampado ao seu redor".
No caminho ninguém diz: "Olha se você fizesse a confissão positiva e dissesse: Eu declaro bandido, tu estás amarrado. Ele não teria te assaltado".
No caminho a gente levanta, a gente se dobra, a gente cuida, a gente não faz perguntas, a gente carrega, a gente leva.
No caminho não tem proselitismo, não tem prosa, não tem conversa fiada, tem ação, tem amor, tem misericórdia, tem graça, tem vida, tem gesto.

A maioria de nós está na estrada da religião cristã, poucos de nós estamos andando no caminho de Jesus, e é só quando nos dermos conta disso que temos alguma chance de ser salvo da estrada, para poder, no chão da vida, ver o caminho mudar debaixo de nossos pés. Porque é o caminho da fé que chama o próprio caminho da vida à existência para nós.

trecho de Estrada & Caminho, mensagem de Caio Fábio.

E este é o caminho que já decidimos trilhar. Sem rodeios, sem perda de tempo, indo direto ao ponto. E é esse caminho que nós defenderemos durante o resto da nossa existência. Afinal, os demais caminhos (ou serão estradas ?) já têm defensores demais.

Recomendo, aos interessados, o Blog do Caminho . Lá você poderá encontrar pessoas que mostram o que vivem sem nenhum marketing, sem maquiagens, sem preocupações de "aparecer" ou de serem "os que fazem acontecer". E é junto com os que andam no Caminho que iremos caminhar.

sábado, 11 de outubro de 2008

O Calibre



Eu vivo sem saber até quando ainda estou vivo
Sem saber o calibre do perigo
Eu não sei da onde vem o tiro

Por que caminhos você vai e volta?
Aonde você nunca vai?
Em que esquinas você nunca pára?
A que horas você nunca sai?
Há quanto tempo você sente medo?
Quantos amigos você já perdeu?
Entricherado, vivendo em segredo
E ainda diz que não é problema seu

E a vida já não é mais vida
No caos ninguém é cidadão
As promessas foram esquecidas
Não há estado, não há mais nação
Perdido em números de guerra
Rezando por dias de paz
Não vê que a sua vida aqui se encerra
Com uma nota curta nos jornais

Eu vivo sem saber até quando ainda estou vivo
Sem saber o calibre do perigo
Eu não sei, de onde vem o tiro

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quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Dust in The Wind...




Linda música que me faz lembrar o quanto nós somos pequenos e que estamos aqui somente de passagem, e no momento, eu estou agradecidíssima por Deus ter livrado duas pessoas que amo muito de um grave acidente.

Jambitas, linda do meu coração que em todo tempo me amou e suportou e se fez minha irmã, minhas orações, lágrimas, súplicas e agradecimentos hoje são por você, assim como essa música.

Um xêro (sabor Milk shake Ovomaltine do Bobs)

Homossexualidade e outros pecados...

CRISTÃOS FUNDAMENTALISTAS são os que acreditam que as sagradas escrituras foram ditadas diretamente por Deus e que, por isso, tudo o que nelas está escrito é sagrado, verdadeiro e deve ser obrigatoriamente obedecido para sempre. A verdade divina está fora do tempo. Aquilo que Deus comandava há 3.000 anos é válido para hoje e para todos os tempos futuros.

Digo isso a propósito de uma carta dirigida a Laura Schlessinger, conhecida locutora de rádio nos Estados Unidos que tem um desses programas interativos que dá respostas e conselhos aos ouvintes que a chamam ao telefone. Recentemente, perguntada sobre a homossexualidade, a locutora disse que se trata de uma abominação, pois assim a Bíblia o afirma no livro de Levítico 18:22. Um ouvinte escreveu-lhe então uma carta que vou transcrever:

"Querida doutora Laura, muito obrigado por se esforçar tanto pra educar as pessoas segundo a lei de Deus. (...) Mas, de qualquer forma, necessito de alguns conselhos adicionais de sua parte a respeito de outras leis bíblicas e sobre a forma de cumpri-las: gostaria de vender minha filha como serva, tal como o indica o livro de Êxodo 21:7. Nos tempos em que vivemos, na sua opinião, qual seria o preço adequado?

O livro de Levítico 25:44 estabelece que posso possuir escravos, tanto homens quanto mulheres, desde que não sejam adquiridos de países vizinhos. Um amigo meu afirma que isso só se aplica aos mexicanos, mas não aos canadenses. Será que a senhora poderia esclarecer esse ponto? Por que não posso possuir canadenses?

Sei que não estou autorizado a ter qualquer contato com mulher alguma no seu período de impureza menstrual (Levítico 18:19, 20:18 etc.). O problema que se me coloca é o seguinte: como posso saber se as mulheres estão menstruadas ou não? Tenho tentado perguntar-lhes, mas muitas mulheres são tímidas e outras se sentem ofendidas.

Tenho um vizinho que insiste em trabalhar no sábado. O livro de Êxodo 35:2 claramente estabelece que quem trabalha aos sábados deve receber a pena de morte. Isso quer dizer que eu, pessoalmente, sou obrigado a matá-lo? Será que a senhora poderia, de alguma maneira, aliviar-me dessa obrigação aborrecida?

No livro de Levítico 21:18-21 está estabelecido que uma pessoa não pode se aproximar do altar de Deus se tiver algum defeito na vista. Preciso confessar que eu preciso de óculos para ver. Minha acuidade visual tem de ser 100% para que eu me aproxime do altar de Deus?

Eu sei, graças a Levítico 11:6-8, que quem tocar a pele de um porco morto fica impuro. Acontece que adoro jogar futebol americano, cujas bolas são feitas de pele de porco. Será que me será permitido continuar a jogar futebol americano se usar luvas?

Meu tio tem um sítio. Deixa de cumprir o que diz Levítico 19:19, pois que planta dois tipos diferentes de semente ao mesmo campo, e também deixa de cumprir a sua mulher, que usa roupas de dois tecidos diferentes -a saber, algodão e poliéster. Será que é necessário levar a cabo o complicado procedimento de reunir todas as pessoas da vila para apedrejá-la? Não poderíamos queimá-la numa reunião privada?

Sei que a senhora estudou esses assuntos com grande profundidade de forma que confio plenamente na sua ajuda. Obrigado de novo por recordar-nos que a palavra de Deus é eterna e imutável".

Rubem Alves, na Folha de S.Paulo.

A Bíblia que se Esquece é a que Vale

Memorizar versículos sempre foi uma prática distintiva dos protestantes. Uma memória com a promessa de municiar o crente para o enfrentamento da vida. Para cada situação há os recortes do texto bíblico capazes de diluir resistências, superar dúvidas, vencer embates pela razão, acalmar, motivar, consolar, sustentar o dono da memória enquanto vive.

Lembro dos cultos em que o louvor era seguido por um momento de recitação de versículos da Bíblia. Na Escola Bíblica, memorizar o versículo bíblico era condição para uma aula bem sucedida. O bom “evangelista”, este conquistador de adesões, destacava-se pela habilidade de sacar o texto, com a devida referência bíblica, apropriado para cada contestação dos resistentes à pregação. Uma pregação bíblica confunde-se entre protestantes com uma pregação que cita muitos textos bíblicos, mesmo que a exposição das idéias mostre-se rasa ou um lugar comum.

A mania de memória além de carregar a crença acrítica de que o conhecimento imediato do texto é posse plena da verdade, desprezando a mediação dos conceitos, também expõe a falência do projeto de quem dela faz uso: a busca desesperada de memória. Buscamos memória porque perdemos a presença. Quanto menos há, de mais lembrança carecemos. Quem faz o álbum das fotos é quem encerrou as férias. Quem, além do apaixonado por fotografia, gasta as suas férias para apreciar as fotos que dela está fazendo? O fato presente prescinde de memória. Ninguém precisa lembrar do que ainda está fazendo. Fixam-se lembranças do que agora está vazio.

Ninguém precisa se lembrar do que presencia. E quanto mais presentes nós estamos em um movimento mais dele nos esquecemos. A melhor imagem que me ocorre é a do motorista. Dirige bem quem se esquece dos mecanismos da direção e se ocupa tão somente do trânsito. Quem é o bom motorista? O que precisa listar de memória cada movimento do câmbio e sua sincronia com os pedais, ou quem o faz sem sequer se dar conta de que pressiona o pedal da embreagem à medida que encaixa a próxima marcha? Aprendemos a dirigir quando nos esquecemos dos mecanismos da direção enquanto dirigimos.

É assim com tudo o que é presente na vida. Quanto mais presente e pertencente a nós algo é mais dele nos esquecemos. É assim quando lemos, quando fazemos cálculos, quando jogamos, quando fazemos sexo, quando comemos, quando vivemos.

A dor é outro exemplo. Não nos lembramos das partes do corpo se com elas está tudo bem. Quando nos lembramos do dente é porque ele está doendo. A lembrança no corpo é sua doença.

Não pode ser diferente com a Bíblia. Ela é uma literatura que de tão identificada com a nossa vida é viva. Sua memorização é certificação de seu adoecimento ou morte. Sua presença em nossa prática, relações, escolhas, sentimentos, moralidade, afeições, é proporcional ao seu esquecimento. Se pudermos falar de uma mente bíblica, ou de viver biblicamente, diremos que uma prática bíblica é a que da Bíblia não precisa fazer referência para por ela ser afetada. Pois o que precisa ser ritualmente memorado está longe, tanto quanto se esquece de algo de tão presente que se faz.

Niezsche denuncia a memória como um mal humano na Segunda Dissertação da sua Genealogia da Moral. Chama a memória de desejo de controle do futuro. Precisamos de memória porque na ânsia de controlar o futuro fazemos promessas e com elas comprometemos nossa existência com o que não está mais presente. Essa necessidade de memória impede o esquecimento como o corpo doente é impedido da digestão. O indivíduo que busca a memória é como o apéptico, o que não faz digestão, regurgitando idéias mortas, ressentindo o que já passou.

A melhor Bíblia é a que esquecemos de tão digerida e absorvida por nossa vivência. A Bíblia que precisa ser memorizada é uma porção indigesta. Nem poderia ser diferente. Transformá-la em uma coleção sistemática, simétrica e absoluta de verdades é roubá-la de sua digestibilidade, sua profunda e radical penetração em nossa vida. A Bíblia que deixa de ser literatura, visto que é essencialmente narrativa e poética, torna-se morta de tão distante e estática. Um clamor desesperado à memória. Um mortuário da fé.

A Bíblia que está de fato em nós é a que esquecemos. De tanto que faz sentido. De tanto que nos permeia.

Elienai Jr.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Sobre a esperança

Esperança significa o quê? De verdade, sem chavão, qual a definição de esperança? É difícil falar sobre esta verdade da teologia.

Nietzsche espezinhou a esperança. Dizia mais ou menos o seguinte: “ter esperança é postergar o dever que exige ação para o agora”. Nesse sentido, concordo com ele. Eu também não desejo uma "virtude" que camufle a covardia. E com a minha idade, já não creio nesse tipo de esperança.

Também concordo com Norberto Bobbio sobre o andamento da História (assim, com maiúscula). Em uma entrevista, Bobbio disse que depois de testemunhar duas guerras mundiais, achava-se incapaz de perceber no futuro próximo, algum "sinal visível de que a História se encaminhasse para uma plenitude feliz". O entrevistador insistiu: “Em que é que o senhor deposita suas esperanças, professor?”. A resposta veio cândida: “Não tenho esperança alguma. Como leigo, vivo em um mundo onde a dimensão da esperança é desconhecida”.

Também não tenho esperança de que a indústria bélica seja desmontada para que se fabriquem tratores, arados, foices e enxadas. Os gastos com armamentos permanecerão altos. O teatro de guerra pode até deixar de requerer porta-aviões monumentais, ogivas nucleares com poder letal de acabar com o planeta várias vezes. Os estrategistas vão transferir suas atenções para as favelas estreitas e sujas do Oriente Médio. Mas os orçamentos militares vão consumir muito dinheiro.

Também não tenho esperança de que haverá melhor distribuição de riqueza entre as nações. Por mais que cresça, o bolo da prosperidade nunca será dividido solidariamente. A geopolítica colonialista, que desgraçou com a América Latina e África, permanecerá intocada.

Também não tenho esperança de que a brecha tecnológica, que separa as nações desenvolvidas das atrasadas, se estreitará. Pelo contrário, as grandes potências continuarão colecionando Prêmios Nobel, investindo em pesquisa genética e fabricando robôs de altíssima precisão. E os pobres respirando o ar fétido dos esgotos a céu aberto e bebendo água com coliformes fecais; para morrerem cedo.

Vaclav Havel defininiu esperança como “ânimo de lutar não porque vai dar certo, mas porque vale a pena”. E Chico Buarque de Holanda acertou no alvo quando traduziu do espanhol, uma das músicas da ópera “Don Quixote de La Mancha”:

Sonhar
Mais um sonho impossível
Lutar
Quando é fácil ceder
Vencer
O inimigo invencível
Negar
Quando a regra é vender
Sofrer
A tortura implacável
Romper
A incabível prisão
Voar
Num limite improvável
Tocar
O inacessível chão
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo
Cravar esse chão
Não me importa saber
Se é terrível demais
Quantas guerras terei que vencer
Por um pouco de paz
E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão
E assim, seja lá como for
Vai ter fim a infinita aflição
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão.

Minha esperança também se parece com o pensamento do rabino Jonathan Sacks. Não aceito “o status quo como vontade Divina”. Minha esperança é uma espécie de “fé, na qual Deus convida os seres humanos a se tornarem seus parceiros no trabalho da redenção, a construírem uma sociedade baseada na justiça e por todos percebida como tal“.

Portanto, a única esperança que acolho, resiste, semeia, fermenta, bate de frente com o sistema, advoga o direito das crianças, socorre os idosos, visita os encarcerados e devolve visão aos cegos.

Soli Deo Gloria.

Ricardo Gondim

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

A lei do Chico Brito

Chico Brito viveu não sei onde no Ceará. Ele deve ter sido um homem perverso, inclemente, rigoroso no cumprimento da lei. Quando eu era criança, a simples menção de seu nome me apavorava. Eu e meu irmão, Renato Jorge, éramos muito travessos; para nos disciplinar, papai e mamãe nos puniam com rigor, mas antes ameaçavam: “Agora os dois vão entrar na lei do Chico Brito”. Assim começavam as sessões de tortura, cada qual mais tenebrosa que a outra. Em nome do Chico Brito, apanhei de cinturão, fio elétrico e varinha de marmelo. O pior flagelo vinha com uma mangueira de plástico que pendia de um filtro de parede.

Dizem, não sei se verdade, que Chico Brito batia na prole todo dia, e se justificava com um argumento inconteste: “Eu espanco mesmo quando não sei dizer por quê; mas eles sabem a razão porque estão apanhando”.

Cruel, mas verdadeiro. Horrível, mas inegável. Meninos, adolescentes, jovens, sempre têm culpa no cartório. Hoje, depois que completei cinqüenta anos, descobri que adultos também são indesculpáveis.

Aprendi também que a lógica do Chico Brito serve de fuzil nas mãos dos religiosos. Já cansei de ouvir sacerdotes afirmarem: “Vocês são pecadores e devem se arrepender caso queiram ser poupados da ira de Deus e das maldições do diabo”. Sem medo de errar alguns apontam o dedo e arriscam uma condenaçãozinha extra: “Logo, logo, seus pecados lhe alcançarão; submeta-se ou se prepare para a maldição que vem sobre a casa, filhos e empresa dos desobedientes”.

Será mesmo que a mensagem de Jesus de Nazaré precisa de ambientes carregados de culpa? A mensagem cristã se confunde mesmo com a visão mórbida e pessimista da condição humana, que se disseminou na Idade Média? Não há como anunciar Jesus sem esse pessimismo antropológico que descreve a história humana como indigna, infeliz e caída?

A leitura agostiniana do pecado de Adão e Eva, somada à visão neo-platônica que cinde o ser humano em corpo e alma, acabou levando teólogos e filósofos a acreditarem que o corpo é mau e que a alma é boa. Para eles, a humanidade vive em guerra, querendo satisfazer os desejos da carne, que não passa de lama. E a humanidade está perdida porque se recusa a desejar a “coisas santas” (entenda-se por coisas santas, sacrifícios, penitências, sofrimentos). Como as pessoas precisam do corpo para viver, da libido sexual para se reproduzir e dos apetites para dar gosto ao dia-a-dia, a luta começa perdida. Sim, para alguns religiosos, a humanidade vem ao mundo debaixo de condenação; “todos réus da ira divina”.

Acontece que Jesus nunca foi discípulo do Chico Brito. Quando contemplou o sofrimento das multidões, o Nazareno disse: “Eu os vejo como ovelhas sem pastor” – Marcos 6.34. Cristo não titubeou quando declarou: “As meretrizes vão entrar no reino antes dos sacerdotes” – Mateus 21.31. E Paulo, muito citado para legitimar a dureza do juízo sobre os pecadores, escreveu que “a bondade de Deus é que leva alguém a querer mudar”. Romanos 4.2.

O evangelho é boa notícia não porque se resume a anunciar que Deus se dispôs a amar os desgraçados. A notícia alvissareira do Evangelho alardeia que Deus não trata a humanidade com ódio. Ele quer a todos como filhos queridos, apesar das inadequações e, até, das impiedades. Deus não é antipático. No dia do nascimento de Jesus, ouviu-se no céu uma retumbante declaração: “Glória a Deus nas alturas, paz na terra aos homens (e mulheres) a quem ele quer bem”.

Deus prefere abraçar a chicotear, beijar a rejeitar, perdoar a castigar. Ele é mãe e pai, irmão e amigo, ajudador e advogado.

A lei de Chico Brito pertence ao mundo dos perversos; Deus não é cruel. Meus pais, coitados, não eram malvados, apenas mal informados sobre educação infantil. Mas como avô e pastor de uma comunidade de fé, tenho a obrigação de não repetir os seus erros.

Soli Deo Gloria.

Ricardo Gondim

A Parábola da Bola

Os dez homens importantes sentados ao redor da bola discutiam acaloradamente:
– A bola é grená, disse um.
– Claro que não, a bola é bordô, retrucou outro em tom raivoso.

Todos estavam fascinados pela beleza da bola e tentavam discernir a cor da bola. Cada um apresentava seu argumento tentando convencer os demais, acreditando que sabia qual era a cor da bola. A bola, no centro da sala, calada sob um raio de sol que entrava pela janela, enchia a sala de uma luminosidade agradável que deixava o ambiente ainda mais aconchegante, exceto para aqueles dez homens importantes, que se ocupavam em defender seus pontos de vista.

– Você é cego?, ecoou pela sala gerando um silêncio que parecia ter sido combinado entre os outros nove homens importantes. Era até engraçado de observar a discussão – na verdade era trágico, mas parecia cômico. Todos os dez homens importantes usavam óculos escuros, cada um com uma lente diferente. Talvez por causa dos óculos pesados que usavam, um deles gritou “você é cego?”, pois pareciam mesmo cegos.

Depois do susto, a discussão recomeçou. O sujeito que acreditava que a bola era cor de vinho debatia com o que enxergava a bola alaranjada, mas um não ouvia o que o outro dizia, pois cada um usava o tempo em que o outro estava falando para pensar em novos argumentos para justificar sua verdade. Aos poucos, a discussão deixou de ser a respeito da cor da bola, e passou a ser uma troca de opiniões e afirmações contundentes a respeito das supostas cores da bola. A partir de um determinado momento que ninguém saberia dizer ao certo quando, os dez homens tiraram os olhos da bola e passaram a refutar uns ao outros. Em vez de sugestões do tipo: – A bola é vermelha, todos se precipitavam em listar razões porque a bola não era grená, nem cor de vinho, nem mesmo alaranjada.

De repente, alguém gritou: – Ei pessoal, onde está a bola? Todos pararam de falar – estavam todos falando ao mesmo tempo, e foi então que perceberam um alarido parecido com aquelas gargalhadas gostosas que as crianças dão quando sentem cócegas. Correram para a janela e viram uma criançada brincando com a bola, que parecia feliz sendo jogada de mão em mão. Ficaram enfurecidos com tamanho desrespeito com a bola. Ficaram também muito contrariados com a bola, que parecia tão feliz, mas não tiveram coragem de admitir, afinal, a bola, era a bola.

Lá fora, sem dar a mínima para os dez homens importantes, estavam as crianças brincando e se divertindo a valer com a bola que os dez homens importantes pensavam que era deles. E nenhuma das crianças sabia qual era a cor da bola.

Ed René Kivitz

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Superando Expectativas

1500 acessos.

Começamos esse blog de maneira despretensiosa, como um "vomitório" de idéias mesmo... mas nesse meio tempo, nos encontramos com nós mesmos. Redescobrimos coisas que sabíamos mas não lembrávamos mais, enquanto descobrimos outras completamente novas.

Descobrimos também irmãos e amigos que pensam como nós, que choram e sofrem com a realidade do que deveria ser Igreja e só consegue ser "igreja". É um refrigério para nossa alma ver que a loucura que foi, é e será sempre o evangelho ainda é defendida com convicção.

Somos gratos pela sua leitura, pelo seu carinho, pelo seu comentário e pela sua visita.


Gratos somos também ao Sérgio Pavarini que nos linkou e trouxe muita gente ao blog e a fofíssima Fernanda por ter nos indicado ao prêmio Dardos.

Big abraços

O Que é Importante ?

Mostra-me, então, a tua “pregação” e a “tua igreja” sem amor, e, eu, sem “igreja” e sem “pregação”, com amor, te mostrarei a Pregação e a Igreja.

É um privilégio conhecer o Evangelho quando se o vive. Mas é uma desgraça saber dele para não vivê-lo, embora se admita a sua verdade.

Jesus disse que muitas “obras missionárias” podem ser atividades do diabo e do inferno!

Ele disse isto quando afirmou que os fariseus rodeavam o mundo querendo “clonar pessoas” à sua imagem e semelhança farisaica, tornando-as, por tal razão, duas vezes mais filhas do inferno do que eles mesmos [Mt 23].

Isto aconteceu milhões de vezes na história e está acontecendo hoje, aos milhões também, que é quando a pessoa era melhor antes de virar “cristã”.

Gente ruim, quando se “converte”, tende a ficar muito pior depois de um tempo, especialmente quando vêem na “hipocrisia” dos outros o álibi perfeito para fazer a maldade sob o manto da piedade.

Entretanto, já vi muita gente boa e simples ser enfeiada pela suposta “conversão”. É quando a religião chega para dar cabo das espontaneidades da vida sem religião, mas que era pura no exercício do amor, conforme a luz que se tinha.

É por isto que qualquer que seja a experiência com a “informação do evangelho” que não se faça acompanhar de fé, põe o individuo exposto à “informação” em estado muito pior do que o anterior. Pedro diz que é como a porca que volta à lama e o cão ao vômito.

Pouca gente sobrevive à tentação de apenas amar amando ante a “tranqüilidade” advinda da falsa segurança de fazer parte do “grupo que diz amar”.

É assim que as doutrinas e credos são criados. É assim que os concílios são inventados. É assim que organizações de amor são geradas. É assim que éticas são desenvolvidas e discutidas. É assim que uns se tornam melhores do que outros aos seus próprios olhos. É assim... — que tudo fica assim...

Para muitos o que digo é uma super-redução. Mas para quem sabe o que amor é, mesmo que seja um Forrest Gump, o que digo diz tudo o que importa na vida e aos olhos Daquele que vê.

Nele, que é apenas Amor,

Caio

8 de julho de 2008

Lago Norte

Brasília-DF